Empoderando as mulheres para melhores cuidados de saúde materna em Gana: superando barreiras socioculturais

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Introdução Este resumo político apresenta os resultados da pesquisa de Ganle et al (2015) sobre como a tomada de decisão intrafamiliar afeta o acesso e o uso dos serviços de saúde materna pelas mulheres em Gana.
O estudo revela barreiras significativas à autonomia das mulheres na tomada de decisões em saúde, o que dificulta o progresso na melhoria dos resultados de saúde materna.
Com os esforços de Gana para reduzir a mortalidade materna e alcançar a cobertura universal de saúde, abordar essas barreiras socioculturais é crucial.
Este resumo fornece uma visão geral do cenário atual, aponta os principais desafios e oferece recomendações estratégicas para melhorar os resultados da saúde materna em Gana. Principais Destaques

  1. Autonomia limitada das mulheres: As mulheres muitas vezes não têm poder de decisão sobre quando acessar serviços especializados de cuidados pré-natais, parto e pós-natal.
  2. Membros influentes da família: Os maridos e as sogras atuam frequentemente como principais decisores em questões de saúde materna.
  3. Barreiras Socioculturais: As normas patriarcais, os baixos níveis de educação feminina e a marginalização económica contribuem para a limitada autonomia das mulheres em matéria de cuidados de saúde.
  4. Disparidades Urbano-Rurais: As mulheres rurais enfrentam maiores desafios na tomada de decisões em matéria de cuidados de saúde em comparação com as suas homólogas urbanas.
  5. Acções-chave necessárias:
    • Promover a educação das mulheres e a emancipação económica
    • Envolver homens e outros membros da família em questões de saúde materna
    • Fortalecer a educação em saúde baseada na comunidade

Contexto geral O Gana tem implementado políticas para melhorar o acesso aos cuidados de saúde materna, incluindo serviços gratuitos de cuidados de maternidade em instalações de saúde públicas e de missão desde 2003.
No entanto, em algumas partes do Gana, mais de 45% dos nascimentos ainda ocorrem em casa sem cuidados especializados. A taxa de mortalidade materna é de 380 por 100.000 nascidos vivos em 2013. Este estudo, realizado em seis comunidades nos distritos de Bosomtwe e Central Gonja, explora como a tomada de decisão intrafamiliar afeta a capacidade das mulheres de acessar e usar os serviços de saúde materna. Principais Questões

  1. Participação limitada na tomada de decisões: Em 49,2% dos casos em que as mulheres não conseguiram aceder aos serviços de saúde materna, os maridos foram os decisores finais.
    As sogras tomaram a decisão final em 16,2% dos casos, enquanto as próprias mulheres foram decisoras finais em apenas 2,7% dos casos.
  2. Restrições à liberdade de circulação: Muitas mulheres necessitam de autorização dos maridos ou de familiares do sexo masculino para se deslocarem a unidades de saúde, especialmente em zonas rurais.
  3. Fatores Religiosos e Culturais: Em algumas comunidades, especialmente naquelas onde o Islão é predominante, as crenças e práticas religiosas exacerbam a incapacidade das mulheres de participar na tomada de decisões em matéria de cuidados de saúde.
  4. Dependência económica: A marginalização económica das mulheres contribui para a sua autonomia limitada nas decisões em matéria de cuidados de saúde.
  5. Estrutura de Tomada de Decisão Comunal: A ênfase na interdependência e na tomada de decisões comunais na sociedade ganesa pode, por vezes, entrar em conflito com as necessidades individuais de saúde das mulheres.

Implicações políticas A pesquisa enfatiza que os esforços para melhorar os resultados da saúde materna em Gana devem ir além da melhoria da infraestrutura de saúde e abordar os fatores socioculturais que limitam a autonomia das mulheres.
As políticas devem considerar a complexa rede de decisores no seio das famílias e das comunidades e as diferentes influências sobre as mulheres em diferentes contextos (por exemplo, rurais versus urbanos, diferentes origens religiosas). Recomendações

  1. Promover a educação das mulheres e a emancipação económica: Investir na educação das raparigas e nas oportunidades económicas das mulheres para aumentar o seu poder de decisão nos agregados familiares.
  2. Envolva homens e familiares: Desenvolver programas que envolvam maridos, sogras e outros membros influentes da família na educação em saúde materna e na tomada de decisões.
  3. Fortalecer a Educação em Saúde de Base Comunitária: Implementar campanhas em toda a comunidade que comuniquem a importância de cuidados de saúde materna qualificados e abordem as barreiras socioculturais.
  4. Adaptar as intervenções aos contextos locais: Desenvolver estratégias que considerem os desafios específicos enfrentados pelas mulheres em diferentes contextos (por exemplo, áreas rurais, comunidades islâmicas).
  5. Melhorar a mobilidade das mulheres: Abordar as restrições à circulação de mulheres, particularmente nas zonas rurais, através do envolvimento da comunidade e da educação.
  6. Promover a equidade de género: Implementar políticas e programas mais amplos que desafiem as normas patriarcais e promovam os direitos e a autonomia das mulheres.
  7. Reforçar os sistemas de saúde: Melhorar a capacidade das unidades de saúde locais para prestar serviços de cuidados maternos de qualidade, tornando-os mais acessíveis e apelativos para as mulheres e as suas famílias.

Conclusão Melhorar os resultados da saúde materna no Gana exige abordar os complexos fatores socioculturais que influenciam o acesso das mulheres aos cuidados de saúde.
Embora o Gana tenha feito progressos na prestação de serviços de saúde materna gratuitos, a autonomia das mulheres para tomar decisões sobre os seus próprios cuidados de saúde continua a ser uma barreira significativa.
Ao implementar políticas que capacitam as mulheres, envolvem familiares e membros da comunidade e abordam as normas culturais, Gana pode fazer progressos substanciais na redução da mortalidade materna e alcançar seus objetivos de saúde.
Esta abordagem multifacetada, combinada com melhorias contínuas na infraestrutura e na qualidade dos cuidados de saúde, será crucial para garantir que todas as mulheres no Gana tenham acesso aos cuidados maternos de que necessitam. Este resumo baseia-se na seguinte referência:Ganle, J.K., Obeng, B., Segbefia, A.Y. et al. Como a tomada de decisão intrafamiliar afeta o acesso e o uso dos serviços de saúde materna pelas mulheres em Gana: um estudo qualitativo. BMC Gravidez Parto 15, 173 (2015). https://doi.org/10.1186/s12884-015-0590-4Outras referências

  1. Serviço de Estatística do Gana.
    Gana Multiple Indicator Cluster Survey with an Enhanced Malaria Module and Biomarker (Gana Multiple Indicador Cluster Survey with an Enhanced Malaria Module and Biomarker), 2011.
    Acra, Gana: Serviço de Estatística do Gana; 2011.
  2. Organização Mundial de Saúde.
    Tendências da mortalidade materna: 1990 a 2013: estimativas desenvolvidas pela OMS, UNICEF, UNFPA e Banco Mundial.
    Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2014.
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