Destaques
- Menos de metade dos homens nas zonas rurais do Uganda estão ativamente envolvidos na gravidez e no parto das suas parceiras.
- Os homens desejam estar envolvidos na gravidez e no parto, mas lutam para cumprir seus papéis percebidos como pais ideais devido a várias barreiras, como atitudes, normas sociais, senso de controle e barreiras do sistema de saúde.
- Intervenções abrangentes, como educar os homens sobre o parto, treinar os profissionais de saúde em uma melhor comunicação e criar espaços hospitalares mais acolhedores para parceiros masculinos, são necessárias para aumentar o envolvimento masculino nos cuidados de saúde materna.
Contexto geral: O envolvimento masculino durante a gravidez e o parto é importante para melhorar os resultados de saúde materna e infantil.
Conduz a um melhor acesso aos cuidados, a experiências de gravidez melhoradas e à redução da mortalidade infantil.
No entanto, apesar da sua importância, o envolvimento masculino permanece baixo em muitos contextos.
No Uganda, embora exista uma política de apoio à participação masculina, a implementação enfrenta desafios significativos.
Os efeitos do envolvimento masculino na saúde materna e infantil são substanciais.
Quando os pais estão ativamente envolvidos, as mulheres são mais propensas a participar de consultas de cuidados pré-natais, ter partos institucionais e experimentar menos estresse durante a gravidez.
Este envolvimento está associado a uma probabilidade quase duas vezes maior de assistência especializada ao parto e a uma redução da mortalidade neonatal.
As estatísticas atuais indicam que o envolvimento masculino na saúde materna continua a ser baixo em muitos países africanos.
Por exemplo, no Burundi, apenas um em cada cinco homens frequenta pelo menos uma consulta de cuidados pré-natais, enquanto no Ruanda a taxa é mais elevada, com mais de um em cada dois homens a participar.
No Uganda, especificamente, apenas cerca de 6% dos homens acompanham consistentemente as suas parceiras nas consultas de cuidados pré-natais.
O envolvimento masculino durante a gravidez e o parto é baixo no Uganda.
Ao olhar para as experiências de homens cujas parceiras tiveram complicações na gravidez no Hospital Mulago, podemos encontrar maneiras de incentivar mais homens a participar.
Entender o que ajuda e o que dificulta o envolvimento masculino do ponto de vista dos pais ajudará a criar melhores políticas e programas.
Isto pode levar a que mais homens se envolvam nos cuidados de saúde materna, o que melhorará os resultados de saúde para mães e crianças no Uganda e em locais semelhantes. Metodologia: Este estudo utilizou entrevistas qualitativas com 16 homens do Hospital Mulago em Kampala, Uganda, para compreender os fatores que influenciam o envolvimento masculino na gravidez e no parto. Principais conclusões:
- Os homens querem envolver-se na gravidez e no parto, mas enfrentam obstáculos.
Estes incluem deveres de trabalho, falta de conhecimento sobre a gravidez, papéis pouco claros, normas tradicionais de género e configurações hospitalares pouco amigáveis. - Os hospitais muitas vezes mantêm os homens fora, apesar das políticas de envolvimento.
Os homens não podem entrar nas enfermarias de parto, não encontram espaço para eles nas clínicas pré-natais e são ignorados pelos funcionários. - Os homens sentem-se excluídos e inseguros durante o parto.
Eles são chamados de “visitantes” em vez de parceiros, sentem-se impotentes e não sabem como apoiar suas esposas.
Não há uma orientação clara sobre o seu papel. - Os profissionais de saúde não comunicam bem com os homens.
Os homens lutam para obter informações sobre a saúde de suas parceiras, são deixados de fora das decisões de cuidados e recebem informações pouco claras quando são dadas.
Conclusão: O estudo mostra que o aumento do envolvimento masculino nos cuidados de saúde materna requer mais do que apenas incentivar os homens a participar.
Exige a mudança de mentalidades, a eliminação de barreiras práticas e a reforma das práticas dos sistemas de saúde.
As crenças pessoais dos homens, as pressões sociais, a capacidade percebida de superar obstáculos e as experiências com o sistema de saúde desempenham papéis cruciais.
Para realizar verdadeiros progressos, é necessária uma abordagem global que abranja todos estes domínios. Implicações políticas:
- Os atuais esforços para promover a participação masculina são insuficientes.
São necessárias novas estratégias mais abrangentes. - Fornecer informação por si só não é suficiente.
É necessária a definição ativa de atitudes e normas sociais em torno do envolvimento masculino. - A reforma do sistema de saúde é fundamental.
Os hospitais precisam criar ambientes mais acolhedores para os homens. - A melhoria da comunicação entre os profissionais da saúde e os homens poderia ter um efeito positivo no envolvimento masculino.
- As barreiras práticas que fazem com que os homens sintam que não podem participar precisam ser abordadas.
Recomendações:
- Campanhas comunitárias: Lançar campanhas comunitárias generalizadas para melhorar o conhecimento e as atitudes sobre a participação masculina nos cuidados de saúde materna.
- Formação dos profissionais de saúde: Formar os profissionais de saúde na comunicação e envolvimento dos homens durante a gravidez e o parto.
- Políticas hospitalares: Desenvolver políticas e procedimentos claros para a participação masculina nas maternidades.
- Melhoria das instalações: Criar espaços de acolhimento para os homens nas maternidades, com informação e educação fornecidas.
- Clarificação do papel: Desenvolver diretrizes esclarecendo os papéis dos homens durante a gravidez, parto e pós-parto.
- Acompanhamento e Avaliação: Desenvolver um sistema para acompanhar o progresso e identificar áreas para melhorar o envolvimento masculino.
- Outras Pesquisas: Realizar investigação para testar diferentes estratégias de intervenção e identificar as formas mais eficazes de aumentar o envolvimento masculino em vários contextos.
O artigo acima é baseado em pesquisa realizada no Hospital Mulago em Uganda. Kaye, D. K., Kakaire, O., Nakimuli, A., Osinde, M. O., Mbalinda, S. N., & Kakande, N. (2014).
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